Por José Martins, da redação.
Os capitalistas brasileiros e seus inúteis economistas são incapazes de fazer a economia funcionar. Por mais que eles aumentem a exploração da classe operária do país a economia do imperialismo que comanda todas as decisões estratégicas destas classes proprietárias internas impede qualquer recuperação da produção nacional.
Por mais que eles aumentem a exploração da única classe produtiva através de reformas trabalhistas; reestruturações produtivas; sindicatos pelegos; neopopulismo de esquerda e, agora, de direita; desemprego em larga escala, destruição da Previdência, dos sistema de Saúde, Educação, etc., o crescimento econômico continua travado.
Querem uma prova deste trágico destino da maior economia do mundo aos sul do equador? Leiam o relatório publicado nesta quinta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao produto interno bruto (PIB) da economia brasileira em 2018.
Resumidamente, o IBGE relata que em 2018 o PIB teve crescimento de mísero 1,1% em relação ao ano anterior, medido em termos de valor adicionado a preços básicos. Repetiu o mesmo crescimento de 1,1% em 2017. Quer dizer, o PIB continuou patinando no fundo do poço. Travado.
De acordo com a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio, com o resultado do ano passado a economia do país alcançou o mesmo patamar que apresentava no primeiro semestre de 2012. Esse ritmo lento se articula com um PIB que ainda segue abaixo do nível em que a economia nacional começou a cair depois de uma rápida recuperação entre 2010 e 2013.
Nota bene: esta breve recuperação entre 2010 e 2013 deveu-se principalmente à política econômica anticíclica de Guido Mantega. Evitou o abismo.
No ano de 2018, o resultado do PIB em termos do valor adicionado refletiu o desempenho das três atividades que o compõem: Agropecuária (0,1%), Indústria (0,6%) e Serviços (1,3%).
Agropecuária e Indústria, esferas em que se produz valor, mais–valia estão paralisados. Levando-se em conta que o setor Serviços é composto apenas por atividades improdutivas de valor, a expansão apontada para a economia em 2018 é uma ilusão estatística e metodológica, ela não existiu em termos práticos.
É por isso que a Formação Bruta de Capital Fixo (reflete o nível de investimento na economia) apresentou queda de 2,5% no ano passado. Uma burguesia historicamente preguiçosa, incapaz de renovar e muito menos ampliar os meios de trabalho e de produção da economia.
A macunaímica burguesia brasileira é uma das mais preguiçosas e irresponsáveis do mundo. A superestrutura política e cultural do regime exprime essa deformada personalidade burguesa nacional. As classes dominantes brasileiras e imperialistas são totalmente inúteis e danosas para a vida e a reprodução da população trabalhadora.
Voltando aos números que justificam a abolição do atual regime de exploração. A Despesa de Consumo do Governo também recuou 0,3%. E a Despesa de Consumo das Famílias (consumo individual) cresceu residualmente 0,4%.
O limite de gastos do governo estabelecido pela política econômica do imperialismo é o mais importante fator para que o estratégico setor da construção civil tenha caído 2,5% no ano de 2018, registrando a 5ª queda anual seguida. Isso impacta de frente com o elevado nível de desemprego da população atualmente verificado em todas as regiões do país. E a miséria aumenta.
Em decorrência destas taxas de paralização do crescimento, o PIB per capita ( valor total do PIB dividido pelo número de habitantes) alcançou R$ 32.747 em 2018, um ligeiro avanço (em termos reais) de 0,3% em relação a 2017.
A fraqueza e queda do PIB per capita ocorre de maneira mais intensa desde o choque cíclico global de 2008/2009. Isso reflete uma radical estagnação da produtividade na economia. Além das consequências estritamente econômicas – fraqueza na capacidade produtiva, na moeda e na competitividade no mercado internacional – é a responsável direta também pelo apodrecimento das condições de reprodução da força de trabalho e da incontrolável explosão de miséria da população.
Os números do IBGE mostram que, além da falta de tração, componentes importantes do PIB como indústria e investimentos agregados registraram queda no 4º trimestre, evidenciado a dificuldade da retomada da economia.
No 4º trimestre de 2018, a indústria da transformação, núcleo duro da dinâmica econômica nacional como um todo, caiu 1.0% frente ao 3º trimestre daquele mesmo ano. A formação bruta do capital fixo caiu robusto 2.5%. Isso cristaliza uma tendência clara de que o afundamento da produção continuará nos próximos trimestres de 2019.
Os economistas (e principalmente os dirigentes políticos) estão à beira de um ataque de pânico. Os comentaristas econômicos da grande mídia imperialista já começam a falar fino. E a refazer para baixo suas previsões otimísticamente fajutas da economia para o primeiro ano de governo do venerável capitão de milícias cariocas que eles instalaram na cadeira de presidente da República.
Nota bene: essa queda geral da produção, investimentos e produtividade indicam, do mesmo modo, a tendência para o aumento nos próximos trimestres da deflação dos preços e do desemprego na economia. Falaremos particularmente destas duas últimas variáveis em outro boletim.
Queda da produção, aumento do desemprego, deflação dos preços e, portanto, dos lucros dos capitalistas são fatores que corroem com muita rapidez qualquer possibilidade de governabilidade dos filhotes da ditadura (como os denominava o honesto populista Leonel Brizola) que ora ocupam como fator de desastre nacional o Palácio do Planalto.
Como já sugerido no primeiro parágrafo deste boletim, esse cenário de inevitável continuidade da estagnação econômica (e consequente ingovernabilidade burguesa no Brasil) apoia-se em um granítico fundamento material do desenvolvimento desigual e combinado da economia do imperialismo, tal como didaticamente definido cem anos atrás por Rosa de Luxemburgo e outros grandes economistas da revolução proletária internacional.
Por isso, como em qualquer economia dominada no sistema imperialista, as possiblidades de crescimento econômico no Brasil serão doravante rigidamente limitadas.
Primo, pela ativa destruição capitalista interna das condições necessárias à reprodução da população operária enclausurada no exército industrial de reserva do país. Isso eles já estão fazendo em larga escala.
Secondo, mas não menos importante, pela passiva submissão de seus dirigentes burgueses nativos às necessidades globais do capital e às determinações geopolíticas das metrópoles imperialistas centrais, Estados Unidos puxando a fila. Isso eles também já estão fazendo da maneira mais desavergonhada possível. Vide caso da atual agressão imperialista sobre a Venezuela.
Portanto, o mais importante de todos esses números mostrados no relatório do IBGE, para aqueles que procuram analisar estrategicamente a evolução dos acontecimentos políticos e sociais do país, é que esse processo de apodrecimento das condições produtivas não é nem um pouco neutro para as condições de governabilidade das classes proprietárias.
Esse processo de necessário necrosamento da produção de uma economia dominada como o Brasil é na verdade o único que escapa do controle da política econômica do imperialismo e da política burguesa lato senso. É totalmente incontrolável para garantir a estabilidade do governo, a administração do Estado e, finalmente, a evolução revolucionária da luta de classes.