sábado, abril 27, 2024
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Existem14.500 armas nucleares espalhadas pelo mundo. Veja os países que as possuem.

Um excelente indicador para conhecer o mapa real e os pontos quentes da geopolítica global é a forma como estão espalhadas as ogivas nucleares no mapa mundi. Pelas estimativas mais recentes da Federation of American Scientists (FAS) , existem cerca de 14.500 ogivas nucleares no mundo e nove nações que as possuem.

E o mais importante. A Rússia e os Estados Unidos detém praticamente o monopólio mundial destas armas. Estocam aproximadamente 13.350 delas (93% do total) . Veja no gráfico abaixo a estimativa da evolução da quantidade de ogivas, no período 1945-2018, nesta quase solitária corrida armamentista entre Rússia (linha vermelha no gráfico) e EUA (linha azul).

Mas agora existe um grande problema (quase uma questão) a ser imediatamente resolvido pelas duas superpotências nucleares. A grande corrida armamentista do pós-guerra chegou ao fim. O que a substituirá na nova ordem geopolítica global?

EUA e Rússia já se movimentam a bom tempo para continuar comandando o processo e impondo as respostas. Faz pouco mais de uma semana, como já se observou no mais recente boletim da Crítica, que os dois líderes absolutos deste seleto clube nuclear do mundo se encontraram a portas fechadas, só com os tradutores, na capital finlandesa de Helsinque.

Tanto o presidente dos EUA, Donald Trump, quanto o presidente russo, Vladimir Putin, que ainda detêm a maior parte das armas nucleares do mundo, enfatizaram antes de sua primeira discussão formal em Helsinque que abordariam seriamente a proliferação dessas armas nucleares.

“Se pudermos fazer algo para reduzi-las substancialmente, quero dizer, idealmente me livrar delas, talvez seja um sonho, mas certamente é um assunto que eu vou levantar com ele”, disse Trump antes da reunião. “A proliferação é um tremendo problema, para mim é o maior problema do mundo, as armas nucleares são o maior problema do mundo.”

Da mesma forma, o chefe de Estado russo disse que os dois países tinham “a responsabilidade de manter a segurança internacional”, citando seus respectivos arsenais de armas nucleares. “É crucial ajustarmos a estabilidade e a segurança global e a não-proliferação de armas de destruição em massa”, disse Putin durante uma coletiva de imprensa conjunta com Trump.

Palavras, apenas palavras. Não foi divulgado, e quase ninguém sabe, o que Trump e Putin discutiram efetivamente naquela uma hora de reunião fechada, tendo sob seus olhos, os estoques mundiais de armas nucleares e os respectivos países que as detém. Veja essa distribuição em detalhe.

COREIA DO NORTE

  • Total de armas nucleares: ~ 10 a 20
  • Total de testes nucleares: ~ 6
  • Primeiro testado: outubro de 2006
  • Teste mais recente: setembro de 2017

ISRAEL

  • Total de armas nucleares: ~ 80
  • Total de testes nucleares: 0
  • Primeiro testado: não há testes confirmados
  • Teste mais recente: nenhum teste confirmado

ÍNDIA

  • Total de armas nucleares: ~ 120 a 130
  • Total de testes nucleares: ~ 3
  • Primeiro testado: maio de 1974
  • Teste mais recente: maio de 1998

PAQUISTÃO

  • Total de armas nucleares: ~ 130 a 140
  • Total de testes nucleares: ~ 2
  • Primeiro testado: maio de 1998
  • Teste mais recente: maio de 1998

 INGLATERRA

  • Total de armas nucleares: ~ 215
  • Total de testes nucleares: ~ 45
  • Primeiro testado: outubro de 1952
  • Teste mais recente: novembro de 1991

CHINA

  • Total de armas nucleares: ~ 270
  • Total de testes nucleares: ~ 45
  • Primeiro testado: outubro de 1964
  • Teste mais recente: julho de 1996

FRANÇA

  • Total de armas nucleares: ~ 300
  • Total de testes nucleares: ~ 210
  • Primeiro testado: fevereiro de 1960
  • Teste mais recente: janeiro de 1996

ESTADOS UNIDOS

  • Total de armas nucleares: ~ 6.550
  • Total de testes nucleares: ~ 1.030
  • Primeiro testado: julho de 1945
  • Teste mais recente: setembro de 1992

RÚSSIA

  • Total de armas nucleares: ~ 6.800
  • Total de testes nucleares: ~ 715
  • Primeiro testado: agosto de 1949
  • Teste mais recente: outubro de 1990

 

Duas observações importantes. A primeira é como essas ogivas nucleares se encontram instaladas nas nove nações acima.  Além de Rússia e EUA, só França e Inglaterra possuem as chamadas “ogivas estrategicamente implantadas”. São aquelas implantadas em mísseis intercontinentais e em bases de bombardeiros pesados.

EUA, Rússia, Inglaterra e França fazem parte da primeira divisão na hierarquia de poder militar global. São o G-4 da ordem geopolítica global. Todas as demais nações da lista acima estocam “ogivas não estrategicamente implantadas”, quer dizer em bases com sistemas de lançamento e mísseis operacionais de curto alcance.

A segunda observação é de extremo poder explicativo da nova ordem geopolítica global que já se coloca à luz do dia: na lista acima Alemanha, Japão e Itália estão solenemente ausentes. É a partir dessas paradoxais ausências que se pode começar a elucidar os grandes problemas da nova ordem (ou desordem, para ser mais preciso).

Portanto, o que Trump e Putin trataram naquela uma hora a portas fechadas em Helsinque não foram apenas problemas técnico-administrativos para promover o desarmamento. Simplesmente, por exemplo, um novo acordo de armas nucleares entre Washington e Moscou, como sugeriram os especialistas em estratégia global. Um tranquilo novo tratado START, que é o atual acordo de armas nucleares, previsto para expirar em 2021.

Não há nenhum motivo para imaginar que Trump e Putin sejam tão incompetentes a ponto de não terem considerado em sua reunião de Helsinque o grande espectro que pesa atualmente sobre suas históricas alianças estratégicas: como enfrentar o rearmamento convencional e, na sequência, nuclear, de Alemanha e Japão.

Esses problemas do fim da velha ordem do pós-guerra e da abertura de uma nova era de incertezas já vinham pautando todas as reuniões entre Washington e Moscou no governo Obama. É por isso que a Crítica da Economia perseguiu em inúmeros boletins as ilustrativas reuniões entre o educado John Kerry, secretário de estado dos EUA, e o brilhante chanceler russo, Serge Lavrov. Tudo que Washington e Moscou discutem atualmente é continuação atualizada do que eles já discutiam.

Mas agora os acontecimentos se aceleram com muita rapidez. As respostas a esses problemas que cercam a política internacional devem ser encaminhadas com mais urgência por parte das duas (ou quatro, considerando França e Inglaterra) grandes potências nucleares atuais.

Essa urgência deve ter marcado a reunião de Trump e Putin em Helsinque. E ficará mais evidente para os analistas da geopolítica mundial (e talvez até para a grande e ignara opinião pública) com a explosão da próxima crise econômica global de superprodução de capital e sua principal consequência: a retomada do rearmamento e dos preparativos das velhas superpotências alijadas da lista acima para mais uma grande guerra mundial.