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Top 10 de 2017: os boletins da Crítica da Economia mais acessados em 2017

Saiu a lista das dez melhores postagens em termos de visualizações de página da Crítica da Economia em 2017.

O vencedor disparado foi o post de 19 de junho passado As Modernas Formas da Fome Capitalista. Mais de 18 mil acessos e usuários da página em menos de três dias. O que está na origem deste singelo boletim? Um fato devidamente comprovado e observado por nossa redação: o moderno modo de produção capitalista é incapaz de alimentar a população mundial. Atualidade de uma das mais importantes teses do programa da revolução proletária internacional, definido simplesmente por Rosa de Luxemburgo como a teoria de Marx e Engels. A tese da incapacidade genética do regime capitalista de produzir alimento em quantidade e qualidade encontra-se melhor elaborada na teoria da renda fundiária (agrária e urbana) de Marx e Engels. Mais de um terço dos escritos de Marx e Engels foram dedicados ao estudo da agricultura capitalista. Constatamos a originalidade da fome absoluta e da fome relativa como as formas especificamente capitalistas da fome. O desenvolvimento desigual e combinado dessas duas formas em todas as áreas geoeconômicas, dominantes e dominadas, não é apenas um problema político de desigualdade na distribuição do produto social. Não se trata apenas de uma desigualdade de rendimentos entre ricos e pobres que poderia ser resolvida democraticamente pela boa vontade do Estado, das classes dominantes e dos seus perniciosos reformadores sociais de todos os naipes e plumagens. Nem se trata também de alguma abstrata escassez de recursos naturais, de capital, ou do que quer que seja.  Trata-se, ao contrário, de um problema de exploração das classes proprietárias nacionais, particularmente a burguesia industrial e os proprietários fundiários, sobre o proletariado mundial. Um problema da produção de capital e de sua gêmea siamesa, a renda fundiária capitalista. O incontrolável aumento da fome que se presencia com muita mais clareza nas primeiras décadas do século 21 ocorre no ponto mais elevado do desenvolvimento histórico do regime capitalista de produção. Quando a produção agrícola também atinge níveis recordes. O incontrolável aumento da fome da população mundial resulta da produção de alimentos em formas especificamente capitalistas. É um fenômeno histórico. Não tem absolutamente nada de natural. Nenhuma doutrina malthusiana contemporânea, principalmente as de esquerda, explica o que se passa. A deterioração da qualidade dos produtos agrícolas, dos contaminados alimentos industrializados e comercializados em todos os cantos do mundo – deve-se unicamente ao crescente aumento da renda fundiária e da simultânea necessidade de redução dos custos de produção e de circulação do capital.

O vice-campeão do público leitor da Crítica foi a postagem Nem a Ditadura Salva (30/Maio/2017). Uma atualização e aprofundamento da análise da situação política brasileira. Pautado pelo momento político em que se procurava organizar mais um tradicional “acordão das elites” frente ao iminente impedimento do atual presidente Michel Temer. Repetíamos então que a coisa era mais profunda que a mera substituição de um reles presidente. Uma insolúvel crise de ingovernabilidade burguesa. Mais que uma acidental crise política. No centro da análise a prevalência dos princípios teóricos do programa acima citado e a comprovação prática das bases econômicas e sociais que comandam (com alto grau de previsibilidade) o irremediável agravamento desta inédita crise política na maior economia do mundo ao sul do equador. O repertório da teoria revolucionária à mão para diagnosticar a enfermidade de um regime social apodrecido. Nem a nova ditadura civil nem a velha militar podem resolver uma incontornável falência de anacrônicos órgãos da acumulação do capital no país. A guerra civil espreita na próxima esquina. Um preciso diagnóstico sempre prescreve o remédio aprapiado.

O terceiro post mais lido em 2017 foi editado em 07/fevereiro: Existe Alguém mais Sincero que Donald Trump? Na mira da nossa redação a natureza do princípio democrático, deste fajuto valor universal, e a decorrente imagem que a ideologia imperialista faz das virtudes intrínsecas da maior potência econômica e militar do planeta. Quando Trump venceu as últimas eleições no centro do império, os pastores da moralidade democrática e da civilização mostraram-se chocados. Uma aberração da natureza no seio da sagrada e exemplar pátria da democracia e da liberdade. Uma ameaça à civilização. Neste boletim, Dóris Castro e Roger Amarante destacam com corrosiva ironia uma surpreendente revelação do próprio Trump para a opinião pública dos EUA e alhures: ao contrario do que os moralistas da ordem democrática andavam dizendo, ele é um presidente como outro qualquer. Legitimamente eleito. Quem são aberrantes nesta história é a nem um pouco inocente democracia e sua irmã gêmea, a moral moralizante dos pastores da ordem imperial. Agora, menos de um ano depois daquela revelação, as opiniões destes mesmos ideólogos já são bem mais condescendentes com a ideia de que a democracia e a civilização podem ter encontrado em Donald Trump uma virtuosíssima encarnação para os duros tempos que se aproximam.

O quarto post mais lido em 2017 foi Aquarela do Brasil (Remake) . Fernando Grossmann aprofunda as observações da Crítica da Economia acerca das transformações das estruturas industriais nas economias dominadas do mercado mundial, em particular na economia brasileira. A misteriosa “mudança de pele do programa burguês brasileiro” está em plena execução. É a própria abstração da produção. A concretização da montagem industrial, da maquiagem de mercadorias globais como nova política industrial. Alienação suprema de uma nação estuprada pela globalização da produção em estágio avançado. Essas necessárias e, portanto, inescapáveis reestruturações da produção industrial nacional estão, finalmente, na base das atuais turbulências politicas e sociais brasileiras. Movimentos materiais muito precisos que devem ser levados em conta por quem se atreva a agir praticamente no desenrolar ou no abortamento deste processo de elevação da exploração imperialista no Brasil e no restante da América Latina.

O quinto post mais acessado foi Alerta Wall Street: perigoso superaquecimento no preço das ações mundiais , publicado em 13/junho/2017.Fernando Grossmann e José Martins discorrem sobre um inevitável fenômeno que acontece nos mercado de capitais (bolsas de valores) nos momentos finais de um  ciclo periódico de superprodução. Quase como um paradoxo: normalmente, quando a relação entre a mais-valia e o valor das mercadorias deixa de subir os preços das ações deveriam fazer o mesmo. Mas na realidade das flutuações econômicas e correspondentes ciclos de negócios não é sempre que isso acontece. Ao contrário. Exatamente quando os preços das mercadorias estacionam e começam a cair, como ocorre atualmente, sempre se repete um fenômeno inexplicável pelos economistas. Por razões aparentemente misteriosas os preços das ações “descolam” daqueles preços que as sustentam e começam voar para o infinito. É esse fenômeno que acontece em todo final de um ciclo periódico de produção e superprodução do capital – também conhecido no mercado como ciclo de negócios. Inevitavelmente.

A sexta publicação mais lida foi a transcrição de uma entrevista de nosso coordenador de redação José Antônio Martins ao jornal progressista de esquerda Diário da Cidadania em 24 de maio de 2017.  O título da entrevista foi “Ao aprofundar seu programa, classes dominantes aprofundam a própria ingovernabilidade do Brasil”.

Em 6 de setembro de 2017 publicamos Brasil: A Produção Industrial Cai E Se Contorce No Fundo Do Poço  que acabou se tornando o sétimo post mais lido da Crítica da Economia. Fernando Grossmann e José Martins continuam a fértil parceria de investigação e redação no sentido de elucidar os determinantes mais profundos da estagnação econômica brasileira. E continuam, neste boletim, uma encarniçada luta teórica e política contra os capitalistas, seu governo e seus economistas, que insistem em afirmar que a política econômica atual estaria permitindo a superação da atual estagnação econômica.

Onde a águia faz o ninho, publicado em 16 de abril de 2017 foi o oitavo colocado dentre todos os posts de 2017. Onde as empresas globais das economias imperialistas aplicam o grosso dos seus investimentos externos diretos nas economias dominadas (Brasil puxando a fila) da América Latina? Na moderna exploração imperialista, esqueçam as atividades extrativas primárias e do agronegócio, que ainda concentravam a destinação dos investimentos produtivos imperialistas na etapa colonialista do século 19 e primeira metade do século 20. Uma leitura atenta dos números da UNCTAD e do banco central do Brasil indicam que na paisagem geográfica global do século 21 a exploração imperialista das economias dominantes sobre as dominadas, ao contrário daquela primeira etapa colonialista, ocorre com a quase totalidade dos investimentos externos aplicada em atividades industriais manufatureiras e serviços auxiliares desta mesma indústria – serviços de utilidade pública como eletricidade, gás, transportes urbanos, de carga, telecomunicações, comércio varejista e atacadista, construção civil. A classe operária industrial é mais explorada que a nação no moderno imperialismo. A pátria vai bem, os trabalhadores vão de mal a pior. A Crítica da Economia, com abundante ilustração de números, tem sido uma das poucas publicações econômicas conhecidas que salientam essa importante evolução do desenvolvimento desigual e combinado entre economias dominantes e dominadas, dentro do sistema imperialista mundial.

Em 13 de Outubro de 2017 publicamos o boletim Dez Anos Atrás  que acabou ocupando a nona colocação dentre os posts mais lidos. O que está por trás do assunto tratado neste boletim? As íntimas relações orgânicas da evolução da produção de capital (valor e mais-valia) e os preços dos títulos de propriedade do capital (ações e outros papéis do mercado de capitais, bolsas de valores, etc.). Poucas coisas são tão complexas na análise econômica. No entanto, essas íntimas relações podem ser investigadas e rigorosamente medidas no esforço de se determinar as perspectivas do ciclo econômico e a explosão do próximo período de crise do capital global. É esse tipo de árdua investigação que, mais uma vez, procuramos realizar neste boletim. E concluir com muita satisfação que o capital já acumulava, em outubro deste ano, um potencial muito superior ao que ele registrava dez anos atrás, quando iniciou um mergulho que o aproximou mais do que nunca, nos últimos setenta anos, de uma nova crise global e catastrófica. Chegou a poucos metros de uma verdadeira depressão econômica, como a ocorrida pela última vez nos anos 1930. Esperamos com otimismo que o S&P 500 continue a subir mais e mais em 2018. E junto com ele as bolsas em todo o mundo, de Londres a Johanesburgo, de Paris a Istambul, de Buenos Aires a Estocolmo, De Nova York a Shangai, de Madri a Moscou. Acumulai! Acumulai! Já estão dadas as condições de explosão de mais uma grande interrupção de funcionamento do sistema global. Mas quanto mais acumular, maior essa explosão da superprodução que come solta em todas as economias do globo terrestre.

Chegamos finalmente ao 10º colocado na tabela dos mais lidos pelos nossos queridos leitores. Nem Louco Rasga Dinheiro foi postado em 03 de Novembro com a posse do novo presidente do banco central do planeta, quer dizer, do Federal Reserve Bank (Fed, banco central dos EUA). A decisão pouco usual do presidente dos EUA de substituir Janet Yellen por Jerome Powell não foi uma medida sem muita importância. Ao contrário dessa impressão da maioria dos economistas dos EUA e do resto do mundo de que se apenas trocou seis por meia dúzia, ela faz parte de uma preparação da maior potência econômica e militar do planeta para um incontrolável período de crise econômica e social sem precedentes. Não ocorreu nada parecido pelo menos no chamado período pós-guerra (1945 em diante). Agora deve ocorrer em um patamar muito mais elevado que em qualquer período histórico. O próprio Trump é uma personificação adequada da burguesia norte-americana para os desafios desta grande ruptura da paz dos cemitérios atual que todo mundo acostumou a conviver. É claro que os grandes estrategistas das outras grandes potências (Alemanha, Japão, França, Inglaterra, etc.) também sabem disso que estamos observando e escrevendo cada vez mais frequentemente. No ano de 2017, em particular, repetimos diversas vezes a natureza da próxima crise. A burguesia norte-americana já tem toda a clareza do mundo de que a próxima crise global encaminhará a maior potência mundial à ingovernabilidade do Estado, à guerra civil e, finalmente, à guerra mundial. O modus operandi de Trump vis-à-vis reto do mundo é um pouco diferente dos outros presidentes norte-americanos mais recentes exatamente por causa desta perspectiva estratégica de crise, guerra mundial e revoluções. Desde sua surpreendente indicação pelo Partido Republicano e sua ainda mais surpreendente vitória sobre Clinton nas urnas, Clinton já revelava em sua plataforma eleitoral sua providencial estratégia de governo. Com a plena consciência de que, parafraseando livremente Cal von Clausewitz, a guerra mundial é a continuação da crise econômica catastrófica por outros meios. O que procuramos demonstrar neste nosso boletim de novembro passado é que o novo presidente do Fed foi escolhido por suas habilidades pessoais para participar como perfeito apêndice de Trump desses preparativos para a guerra.

Aleluia! È  por tudo isso que procuramos revelar no ano que se encerra que queremos transmitir aos queridos leitores a confiança de todos da redação da Crítica de que 2018 será certamente muito mais auspicioso do que já foi o maravilhoso 2017 que hoje se encerra. Feliz ano novo, portanto, para todos nó

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