terça-feira, outubro 29, 2024
Home > Diário do Capital > No caroço do abacate

No caroço do abacate

Por Jairo Magalhães e José Martins, da redação.

A quem quiser saber o que está a adiar indefinidamente a mais esperada explosão cíclica global dos últimos setenta anos recomenda-se observar os números referentes ao 4º trimestre 2018 da produção industrial nos EUA publicados no mais recente relatório do Federal Reserve Bank (Fed, banco central dos EUA).

Observe-se inicialmente o gráfico abaixo para uma visão de longo prazo desta produção de valor e de mais-valia no núcleo duro regulador do mercado mundial. No caroço do abacate do sistema capitalista global.

A produção industrial nos EUA atinge atualmente seu ponto mais elevado nos últimos 50 anos. Não se verifica, portanto, nenhuma crise permanente, “longa depressão” e outras asneiras malthusianas do inútil marxismo acadêmico.

Ao contrário, no 4º trimestre de 2018, o índice da produção industrial – medida em termos de Valor Agregado, quer dizer, massa de valor e de mais-valia reproduzida de maneira ampliada – atinge um pico de 109.7, superando velozmente o pico de 105.2 do ciclo anterior, atingido em janeiro de 2008, como assinalado no gráfico acima.

Neste mais recente 4º trimestre do ano passado, a produção atingiu uma taxa anualizada de 5,7%. No 3º trimestre havia sido de 5.8%. Exprime, portanto, um potencial bastante elevado de crescimento anual para o ano de 2019.

Fantástico. O que se passa atualmente no caroço do abacate do gramado onde rola a bola da acumulação capitalista global é uma clara dinâmica de superprodução de capital.

É isso que fundamenta as modernas crises econômicas capitalistas. Crises periódicas em permanência. Com potencial altamente destrutivo da velha ordem burguesa. Tal como descrito por Marx e Engels da forma mais didática possível em toda sua obra.

Por outro lado, estas taxas de expansão da produção industrial nos EUA já superam as da produção industrial da China que, ao contrário, sinaliza uma clara tendência de rápida desaceleração e crise.

Os capitalistas de todo o mundo e seus economistas mais antenados no que acontece no mercado mundial observam apreensivamente esse desabamento da produção de valor e de mais-valia na China.

A produção de capital ladeira abaixo no antigo chão de fábrica do mundo é um dos principais fatores de sinalização (e datação) da próxima crise global. Tratamos de maneira detalhada em recente boletim desta infeliz causa de fraqueza da economia chinesa. Atualizaremos proximamente essa grande derrocada.

Mas não é só a China que preocupa os capitalistas em todo o mundo. Agora é a Alemanha, o caroço do abacate da União Europeia que entrou na lista dos rebaixados do sinistro campeonato mundial do capital.

Veja na edição de ontem da The Economist o seu desespero com o fraco desempenho da segunda maior economia do sistema global. A manchete da venerável revista é clara: “É hora de se preocupar com a economia da Alemanha. A era de ouro da economia do país pode estar chegando ao fim. O motor está rateando”.

Também está em nossa pauta um boletim específico para a situação econômica europeia, organicamente dependente da Alemanha.

China e Alemanha na UTI. Respirando por aparelho. Qual aparelho? Exatamente o aparelho produtivo da única grande economia do mercado mundial que ainda se expande a elevadas taxas de produção e acumulação do capital.

Por coincidência é mais do que uma grande economia. Trata-se exatamente daquela que, neste exato momento, apresenta elevada pressão arterial, o que permite ao sistema circulatório do organismo capitalista mundial continuar respirando.

Quanto mais tempo a economia dos EUA mantiver suas exuberantes taxas de expansão atuais maior será o potencial de explosão da próxima crise global. Isso é muito importante a ser considerado atualmente em todos os cálculos políticos, em qualquer parte do mundo.

É por isso, apenas por isso, que nossa torcida é muito grande para esse breaking bad econômico na terra do Tio Donald não termine tão cedo. Aumenta a fogueira!  Ferve caldeirão!