A Bloomberg News informa que um número recorde de capitalistas está dizendo que as ações nos Estados Unidos estão supervalorizadas. Um recorde de 44 por cento de operadores de fundos de investimentos pesquisados pelo Banco da América Merriil Lynch observa uma preocupante sobrevalorização das ações. No mês passado, só 37 por cento desses homens do mercado tinha essa percepção.
O índice Nasdaq das ações de alta tecnologia – de gigantes como Apple, Microsoft, Google, Facebook, etc. – é o mercado com os mais nítidos sintomas de superaquecimento. Segundo a pesquisa, cerca de 57 por cento dos entrevistados observa que as ações da Internet estão muito caras e 18 por cento vê nelas uma bolha especulativa.
Esse fenômeno não é isolado. Começa a aparecer atualmente em todo o mundo. Com mais clareza para o grande público do que até algum tempo atrás. Enquanto os preços das mercadorias produzidas na indústria mundial caem os preços das ações negociadas nas bolsas de valores sobem descontroladamente.
Essa desproporcionalidade de preços e quantidades, à qual se refere a economia vulgar, é uma combinação altamente indigesta para o capital. E para seus impotentes economistas.
Acontece que as ações negociadas nas bolsas nada mais são (especulação à parte) do que títulos de propriedade do capital das empresas onde se produz as mercadorias carregadas de valor e de mais-valia. Como indica o próprio gráfico abaixo da matéria da Bloomberg, uma elevada valorização das ações precisa de lucros crescentes.
Quando a relação entre a mais-valia e o valor das mercadorias deixa de subir os preços das ações deveriam fazer o mesmo. Mas na realidade das flutuações econômicas e correspondentes ciclos de negócios não é isso que acontece.
Ao contrário. Exatamente quando os preços das mercadorias estacionam e começam a cair, como ocorre atualmente, sempre se repete um fenômeno inexplicável pelos economistas. Por razões aparentemente misteriosas os preços das ações “descolam” daqueles preços que as sustentam e começam a voar para o infinito.
É um fenômeno que acontece em todo final de um ciclo periódico de produção e superprodução do capital – também conhecido no mercado como ciclo de negócios. Inevitavelmente.
Quando ele se manifesta, os economistas do mercado sofrem de dupla paralisia. Intimamente ligadas. A primeira é não poder explicar por que esse “descolamento” acontece. E olha que não é a primeira vez que acontece. A segunda paralisia é ficar totalmente impotentes para qualquer interrupção dessa “irracionalidade dos agentes”.
Geralmente eles falam de “aumento da especulação”. De mais uma “bolha especulativa” e outras bobagens. Mas esses palpites de quem nunca foi capaz de levar em conta a lei de gravidade do mercado de capitais não servem para nada. Muito menos impedem que todo o sistema deslize para mais um inevitável ajustamento daquela brutal desproporcionalidade de preços e quantidades.
A crise periódica torna-se inevitável. É por isso que o resultado da pesquisa do Banco da América/ Meriill Lynch com os managers dos maiores fundos de investimentos de Wall Street preocupa tanto a Bloomberg News e seus seletos leitores. Com todos os motivos do mundo.
Até o fim do ano pode acontecer uma maravilhosa fogueira em Wall Street e em outras importantes praças financeiras do mundo. Que Marx e Engels nos ouçam.