sábado, abril 27, 2024
Home > Diário do Capital > Brasil > Alerta Brasil: sindicatos pelegos e neopelegos em tenebrosas negociações com patrões e governo Temer

Alerta Brasil: sindicatos pelegos e neopelegos em tenebrosas negociações com patrões e governo Temer

Para quem ainda acredita em “partidos de esquerda” amigos do povo e em burocracias sindicais que empinam enormes balões vermelhos e bonecos infláveis em broxantes manifestações na Avenida Paulista “contra a perda de direitos”, “preparação para greve geral” e outras embromações – é bom ficar esperto. O que acontece de verdade, além dessas encenações baratas, é que as maiores centrais sindicais do país (pelo menos em tamanho) já negociam há muito tempo com os patrões o jeito mais covarde de encaminhar a classe trabalhadora do Brasil para o abatedouro das reformas trabalhistas, da Previdência e outras mutilações sociais muito mais profundas.

Quem são essas meliantes sociais? A lista é longa. Citemos apenas as mais conhecidas: Central Única dos Trabalhadores (CUT), manobrada pelo ex-operário e ex-presidente da República Luiz Inácio Macunaíma da Silva – aquele mesmo que “tirou mais de 30 milhões de brasileiros da miséria”. Nunca na história deste país… Em seguida vem a Força Sindical, comandada pelo também ex-operário e agora deputado Paulinho da Força e por um monte de siglas de velhos pelegos e seus aparelhos sindicais totalmente irrelevantes: UGT, CTB, CSB, NCST e outros rebotalhos.

As reuniões e negociações dessas máfias sindicais com os capitalistas para o abate da classe trabalhadora nas chamadas “reformas necessárias” se desenrolaram inicialmente na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP). Desde o governo de Dilma Rousseff. E que se intensificaram no momento em que se fechou o “acordão das elites” para o impeachment da infausta e sua substituição pelo finório Michel Temer.

Alguns anais desta história. Em plena véspera do dia em que o Congresso votava em definitivo a destituição de Rousseff – que, diga-se de passagem, sempre fez parte do “acordão das elites” negociando dentre outras coisas a manutenção de seus direitos políticos e a promessa de não ser presa no turbilhão da operação Lava-Jato – essas máfias sindicais se reuniam com o presidente da Câmara dos Deputados para tratar das reformas imperialistas em curso:

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), receberá integrantes das 6 maiores centrais sindicais do país (CUT, UGT, CTB, Força Sindical, CSB e NCST)  em sua residência oficial na 3ª feira (30/agosto), às 10h30. Ligadas ao governo de Dilma Rousseff, CUT e CTB confirmaram presença na reunião. A audiência será realizada no mesmo dia em que deve ser definido o futuro do mandato da petista. Essa é a 1ª vez que as duas entidades, abertamente contrárias ao impeachment de Dilma, participarão de um encontro com um aliado do governo de Michel Temer. A reunião foi costurada pelo presidente da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (SD-SP)… No começo deste mês, Rafael Marques da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, associado à CUT, reuniu-se com o ministro Ronaldo Nogueira (Trabalho) em Brasília. Marques da Silva, entretanto, não atuou como representante da central sindical. Até agora, CUT e CTB se negaram a participar das discussões sobre reformas na Previdência. As entidades dizem não reconhecer a legitimidade do governo interino. Se aprovado o afastamento definitivo de Dilma, os sindicalistas já sinalizaram que podem aderir às negociações, comandadas pelo ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) junto às demais centrais e confederações de empregadores.  (“Sindicalistas ligados a Dilma participam de reunião na 3ª com Rodrigo Maia”, blog do jornalista Fernando Rodrigues no site da UOL/Folha de S. Paulo, 29 de agosto de 2016).

Eliseu Padilha, diga-se de passagem, já era importante ministro e articulador político no governo Rousseff, antes de bandear para o ilegítimo (porem fortíssimo) governo Temer. Se as pessoas que compunham os dois governos mudaram um pouco, as propostas e objetivos estratégicos não mudaram nem um milímetro. Agora Padilha organiza importante instrumento político para legitimar reformas capitalistas e imperialistas que vão além das já divulgadas da lei trabalhista e da Previdência. É o que nos informa o jornal Valor Econômico em um canto qualquer de sua edição de 27/Setembro 2016:

Governo cria fórum para mediar diálogo entre empresário e trabalhador – O governo confirmou nesta terça-feira a criação de um Fórum Nacional do Desenvolvimento Produtivo, em parceria com empregadores e trabalhadores, que será vinculado à Casa Civil. A decisão de criar o fórum vem no lugar da proposta de recriação das extintas câmaras setoriais, que havia partido do presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva. O governo optou pela criação do fórum de discussão nacional, diante da avaliação de que o modelo do passado prescreveu… O secretário interino do Desenvolvimento e Competitividade do Ministério da Indústria e do Comércio Exterior (Mdic), Igor Calvet, explicou que será um fórum cujas decisões não terão efeito legal, mas buscarão caminhos e alternativas ao crescimento. O governo atuará como “mediador” do diálogo entre empregadores e trabalhadores… Segundo Calvet, a composição do colegiado será a seguinte: um representante de cada uma das grandes centrais sindicais, um representante de cada confederação patronal, um representante do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, e um representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Cada entidade indicará um titular e um suplente… Na semana passada, Paulinho da Força ressaltou que o fórum poderá ter 16 ramos, equivalentes ao número de cadeias produtivas no Brasil.” (Valor Econômico, 27/setembro/2009).

Duas rápidas observações acerca dessas formulações burocráticas do novo governo. Primeiro, os trabalhadores devem abandonar sem mais demora as eventuais ilusões de que a atual estrutura sindical, capitaneada pela CUT e pela Força Sindical, tenha alguma particularidade classista que a diferencie das burocracias capitalistas em geral, que existem apenas para administrar a luta de classes e garantir a governabilidade burguesa. A força dessas ilusões aumentaram desastrosamente nos últimos 15 anos de governos populistas dos neopelegos liderado por Luiz Inácio Macunaíma da Silva et caterva. Apesar dos nomes diferentes, CUT e PT de Macunaíma da Silva não têm nenhuma diferença de Força Sindical e SD de Paulinho da Força. Ambos são componentes genéticos da protoburguesia brasileira e imperialista, embora apareçam na mistificação política do regime democrático como representantes dos trabalhadores. Assim, eles também não são traidores da classe trabalhadora, do mesmo modo que o presidente da FIESP ou a queridinha representante dos ruralistas Katia Abreu também não são. Os burocratas da era moderna são uma coisa muito pior. São importantes agentes da própria classe burguesa e do imperialismo exercendo a função política de abafar (mesmo que de forma policialesca) as rebeliões e submeter a classe trabalhadora às necessidades do capital. Essa é a função universal das burocracias na era capitalista, trate-se de estados corporativistas, liberais, socialdemocratas, socialistas ou qualquer outra forma de Estado.   

Em segundo lugar, os trabalhadores empregados no Brasil devem reconhecer claramente os objetivos políticos e estratégicos dessas burocracias sindicais dentro da nova onda liberal e imperialista global. Uma nova onda que com certeza varrerá, nos próximos anos, as antigas estruturas mais ou menos protecionistas de grandes áreas geoeconômicas (América Latina e Ásia, principalmente) e de grandes economias dominadas e suas imensas populações, como China, Brasil, Índia, etc.

Uma indicação muito clara desses objetivos está na repartição deste sinistro Fórum Nacional do Desenvolvimento Produtivo em 16 ramos, equivalentes ao número de cadeias produtivas no Brasil. O problema é o que eles deverão fazer necessariamente com a imensa população brasileira enclausurada no exército industrial de reserva nacional para realizar a integração dessas 16 cadeias produtivas internas às cadeias produtivas globais de valor e de mais-valia. A jornada de 12 horas, por exemplo, é apenas um refresco.

Mas não basta a observação dos fatos que estão na cara de todo mundo. Os trabalhadores devem estar profundamente preparados teoricamente para esclarecer para toda a população trabalhadora a necessidade de combater de maneira prática os reais objetivos dessa protoburguesia burguesia nacional comandada pelas metrópoles imperialistas (G7) nesta nova etapa de aprofundamento da exploração do proletariado mundial. Só com muita clareza teórica e pouca ideologia os trabalhadores poderão confrontar os capitalistas no seu próprio terreno econômico e avaliar a preciosa necessidade prática de agir autonomamente a qualquer mistificação democrática da burguesia e esses seus serviçais com ares de amigos do povo. Sem teoria revolucionária não pode haver revolução.