A Argentina estava paralisada nesta segunda-feira (25) por uma greve geral de 24 horas. Para protestar contra a fracassada política econômica neoliberal de Mauricio Macri e a conclusão do acordo do seu governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo relato do jornal portenho Pagina12, “Foi uma greve para poder continuar trabalhando”. Foi impressionante. Sem trens, ônibus, taxis e metro, Buenos Ayres estava deserta. Só circulavam carros particulares. A maior parte dos argentinos não compareceu a seus locais de trabalho e todas as escolas públicas estavam fechadas.
O movimento, que começou na segunda-feira à meia-noite, também neutralizou o tráfego aéreo. Todos os voos domésticos foram cancelados, assim como voos internacionais chegando ou partindo de Buenos Aires e outros aeroportos do país.
A greve foi oficialmente convocada pela Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT, principal central sindical do país), mas grupos políticos mais radicais organizaram dezenas de manifestações para cortar o acesso à capital, para onde foram deslocados batalhões de policiais militares.
Os trabalhadores e a população em geral (incluindo proprietários de pequenas e médias empresas) estão protestando conjuntamente contra a política de ajuste fiscal do governo de direita de Mauricio Macri, em um contexto de desaceleração da economia e inflação de mais de 20% ao ano.
Essa política pesa catastroficamente sobre o emprego e o poder de consumo de bens necessários da população. Soma-se a isso o recente acordo com o FMI – desaprovado pela população que responsabiliza esta sinistra organização imperialista pela deterioração da economia nos últimos dezessete anos – por um empréstimo de US $ 50 bilhões, sinônimo de novos e pesados sacrifícios pela frente.
Segundo o líder da CGT, Juan Carlos Schmid, a greve desta segunda-feira é “a mais importante dos últimos oito anos”. As reivindicações dos trabalhadores em greve referem-se principalmente aos salários. O aumento de preços nos últimos 12 meses é de 26% e a inflação anual pode chegar a 30% em 2018.
O que se presenciou nesta segunda-feira na Argentina foi um enorme silêncio. Um silencio de protesto contra o fracassada política de ajuste fiscal, destruição dos serviços públicos e arrocho salarial, do governo liberal de Mauricio Macri.
O mais importante é que a adesão à greve transbordou as previsões dos sindicatos e outros grupos organizados. Toda a população está tremula ao perceber o tamanho do desastre das medidas liberais adotadas pelo governo com a promessa de estabilidade e crescimento da economia.
Como também afirma Juan Carlos Schmid, “o mal estar da sociedade transbordou os limites sindicais e as pessoas se manifestaram contra a desordem econômica provocada pelo governo”.
O pedido de socorro de Mauricio Macri aos seus patrões de Washington e FMI é a melhor confissão deste fracasso de sua política de ajuste fiscal, brutal elevação de tarifas públicas e de favorecimento aos setores mais apodrecidos da pátria financeira e seus inseparáveis fundos abutres da globalização.
É por isso que esse novo acordo com o FMI só vai aprofundar ainda mais o fracasso desta política de terra arrasada e, consequentemente, aumentar a temperatura da luta de classes no país.
A greve geral desta segunda-feira, que envolveu a grande massa da população, além dos limites sindicais, é a melhor comprovação desta irreversível perspectiva econômica e social na terceira maior economia da América Latina.
A valorosa classe operária que trabalha na Argentina, a mais tradicional e mais combativa da América Latina, é novamente jogada no turbilhão da guerra de classes, da irremediável confrontação capital ou revolução.