segunda-feira, abril 29, 2024
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Economia brasileira: entre a grande quantidade e a miserável qualidade

O Brasil é um enorme continente, tanto na geografia quanto na economia. Para a economia vulgar, cuja principal característica é sempre misturar alhos com bugalhos, a economia brasileira é um ser difícil de ser classificado em termos de qualidade, quer dizer, de desenvolvimento econômico. Em termos meramente de quantidade, quer dizer, de crescimento econômico, nem tanto. Neste critério, os parasitas nadam na sopa.

Assim, pelo critério do tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) o Brasil classifica-se entre as 10 maiores economias do mundo. Exatamente 1.774 trilhão de dólares no ano passado, segundo dados do Banco Mundial. É muito capital sendo produzido no país do carnaval e do caixa dois. Mesmo assim, o PIB do Brasil corresponde a cerca de um décimo do mesmo nos EUA, que somou no ano passado 17.946 trilhões de dólares. Mas é superior ao PIB do Canadá, praticamente o mesmo da Itália, pouco abaixo da França e outros sócios privilegiados do G7, grupo das sete maiores economias do mundo. Não é para ninguém botar defeito. Veja abaixo o ranking dos 30 maiores PIBs do mundo, de acordo com o Banco Mundial.

Seria para ninguém botar defeito. Mas antes de soltar foguetes, atenção: a economia brasileira é bastante grande em tamanho, em termos absolutos, mas, em termos relativos, ela é muito pequena e pobre. A alta quantidade nunca compensa a baixa qualidade. É o que acontece também com outras grandes economias dominadas da periferia capitalista, como China e Índia, por exemplo. Assim, em termos de PIB per capita – soma do PIB dividida pela população – um bom indicador da produtividade da economias nacionais e, portanto, do desenvolvimento econômico, em geral, a economia brasileira não está nem entre as cem maiores do mundo. Atrás de sumidades econômicas como Botswana, Suriname, Gabão, Panamá, Trinidad Tobago e outros rebotalhos da civilização, o Brasil se encontra na 103ª posição do ranking mundial, com o desqualificado PIB per capita de 15.600 dólares.

Pode isso, Arnaldo? – A regra é clara, Galvão: tamanho não é documento. A clara regra é ainda mais pesadamente aplicada às outras grandes economias dos BRICS – iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e South África. A China, por exemplo, o chão de fábrica do mundo, a 2ª do mundo em tamanho absoluto do PIB de 10.8 trilhões de dólares (vide tabela acima) – quando medida em termos de seu PIB per capita de miseráveis 14.300 dólares cai para a inglória 113ª colocação. Abaixo do Brasil!

Mas pouca miséria é bobagem. O caso da Índia é pior ainda. Da 7ª colocação em termos de PIB absoluto, conforme tabela acima, desaba catastroficamente em termos de PIB per capita (residuais 6.200 dólares) para a 158ª colocação. Não é por acaso que esse infeliz país tornou-se recentemente a nova estrela da globalização. Festejado pelos economistas do imperialismo como o novo modelo de “desenvolvimento econômico” de uma economia continental. Como a brasileira, por exemplo. O sonho de consumo de economistas neoclássicos, keynesianos e “marxistas” de um avançado modelo de integração às cadeias produtivas globais. Resultado final das “reformas necessárias” para estabilizar a economia. Exatamente como receitado pelo imperialismo para o resto da periferia, que deve esvair cada vez mais em sangue e capital.