quinta-feira, outubro 31, 2024
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EUA: a maior queda do PIB nos últimos 73 anos

por José Martins, da redação.

O produto interno bruto (PIB) real dos EUA apresenta uma evolução totalmente indefinida e merece mais atenção do que nunca para estabelecer os possíveis cenários da maior economia do planeta nos próximos trimestres.

Assim, o PIB estadunidense apresentou no 2º trimestre de 2020 a maior queda trimestral nos últimos 73 anos. Diminuiu a uma taxa anual de 31,4%, de acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (30) pelo Bureau of Economic Analysis (BEA) do Departamento do Comércio dos EUA. No primeiro trimestre, o PIB real havia diminuído 5,0 por cento.

Em termos de volume, em dólares correntes, o PIB diminuiu US $ 2,04 trilhões, no segundo trimestre para um nível de US $ 19,52 trilhões. No primeiro trimestre, o PIB havia diminuído US $ 186,3 bilhões. Um PIB brasileiro perdido em apenas um trimestre. Estas coisas não acontecem impunemente.

Os lucros da produção das empresas industriais (lucros corporativos com avaliação de estoque e ajustes de consumo de capital) diminuíram US $ 208,9 bilhões no segundo trimestre, em comparação com uma redução de US $ 276,2 bilhões no primeiro trimestre. Lucros correspondentes a duas produções industriais brasileiras pulverizados nos dois primeiros trimestres do ano. Como reparar no curto-prazo este tipo de coisa?

Outra coisa importante. Este relatório do BEA inclui estimativas do PIB por setor, ou valor agregado – uma medida da contribuição dos principais setores da economia para o PIB.

Estes dados são muito importantes, pois é separado o desempenho do estratégico setor produtivo de valor e de mais-valia (lucros industriais) dos demais setores improdutivos da economia contabilizados no PIB como serviços, governo, etc. Veja no quadro abaixo.

Note-se que já no último trimestre de 2019, o produto industrial dos EUA já havia caído para zero. Estagnação. Mas agora, no 2º trimestre de 2020, situação ficou totalmente inusitada. Aquelas indústrias produtoras de bens privados (Private Goods) que tinham apresentado crescimento zero no último trimestre de 2019 agora desabaram 34,4%.

Os setores de serviços privados (Private Services) diminuíram 33,1% e o governo (Government) diminuiu 16,6%. No geral, 20 dos 22 grupos industriais contribuíram para a queda do PIB real no segundo trimestre.

Dentro das indústrias produtoras de bens privados, o principal contribuinte para a queda foi o núcleo determinante da dinâmica econômica nacional, a fabricação de bens duráveis, liderada pela indústria automobilística.

O BEA ainda não disponibilizou a tabela 10, onde são detalhadas estas quedas recordes na indústria do país. Quando disponíveis, agregaremos estes dados com outros muito importantes para a análise da dinâmica econômica real.

Como é o caso dos lucros da produção industrial atual (lucros corporativos com avaliação de estoque e ajustes de consumo de capital) que destacamos acima, Também aqui veremos os detalhes quando for disponibilizada a tabela 10 do relatório.

Dentre outros setores da economia, os lucros das corporações financeiras domésticas aumentaram US $ 26,5 bilhões no segundo trimestre, em contraste com uma redução de US $ 42,2 bilhões no primeiro trimestre. Os lucros das corporações não financeiras domésticas diminuíram US $ 145,9 bilhões, em comparação com uma redução de US $ 190,5 bilhões. Os lucros do resto do mundo diminuíram US $ 89,5 bilhões, em comparação com uma redução de US $ 43,5 bilhões.

Devido à excepcionalidade atual das informações estatísticas, para estabelecer e atualizar cenários mais precisos da dinâmica econômica mundial, utilizaremos outros relatórios e outros dados do comércio internacional (OMC), da produção industrial mundial (UNIDO) e, finalmente, da produção industrial dos EUA no terceiro trimestre fechado ontem (30/09).

Para os EUA, que regula o ciclo econômico mundial, aguardamos ansiosamente a publicação do Industrial Production and Capacity Utlization (G-17) do Federal Reserve Bank, por volta do dia 15 de outubro.

 

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